Aguarde por gentileza.
Isso pode levar alguns minutos...

 

Por um fio - Drauzio Varela

Enviado por Gilberto Godoy
por-um-fio---drauzio-varela
 
     O tema deste livro trata da experiencia pré-morte, ou seja, daquelas pessoas que estão em estado terminal e que sabem que vão morrer em breve. Varella é um médico conceituado em São Paulo, especialista em oncologia, e durante toda a execução de sua vida profissional lidou de perto com este assunto, tornando assim os relatos de seus antigos pacientes ainda mais vivos e precisos .

     No livro temos uma série de relatos. Os pacientes são diagnosticados com uma doença num estágio onde a cura tem mais a ver com milagre do que com as possibilidades reais da medicina. Diante do fato, Varella menciona casos que vão desde o desespero a aceitação, tanto do paciente, quanto da familia.

     Durante o tratamento para prolongar a vida, temos pessoas que simplesmente reaprendem a viver com extrema intensidade até mesmo aquele que fica resguardado em sua tristeza a espera do seu ultimo dia. Entretanto, a serenidade acaba por trazer-lhes uma espécie de sabedoria que está além do entendimento de uma pessoa que está no vigor de sua vida.

     Dentre os relatos temos desde crianças que já não se importam em ter os seus membros mutilados – de modo que isto representa até mesmo um alívio diante da possibilidade de vida – até mesmo aqueles que, sabendo que nada mais poderia ser feito, antecipam o iminente momento ao deixar de se alimentar ou tomar remédios. Têm aqueles que se agarram numa causa religiosa, e na esperança de uma vida do outro lado sentem-se confortável para enfrenter o momento com calma, e outros que somente acreditam na vida terrena, de modo que a angústia por trás dos últimos momentos fazem com que busquem deixar todas as pendências resolvidas e também passar tranquilidade para a familia. Tem também aquele que dedicou toda a sua vida a salvar outras vidas, e ainda assim é vitíma deste destino a qual ninguém pode escapar, como no caso do irmão de Varella, também médico oncologista e ainda assim não perdoado por este mistério que é a existência.

     Enfim, este é um livro rápido, curto e gostoso de ler. O que poderíamos aprender com estas pessoas? Muito. Ao refletirmos sobre a nossa morte, também aprendemos que temos um tempo indeterminado para viver. Conscientes que nem sempre estaremos aqui, talvez podereos antecipar aqueles planos que sempre ficam para amanhã: ler aquele livro que sempre lhe chamou a atenção, ver aquele filme que sempre ficou para um final-de-semana que nunca veio, fazer a viagem para o exterior que você havia prometido a si na última férias, escrever suas palavras num pedaço de papel, plantar uma árvore, se reencontrar com velhos amigos, participar de atitude comunitária, dizer o quanto você ama os teus pais e o quanto eles são importantes em sua vida, levar os teus filhos no parque da Xuxa e no parque da Mônica, trabalhar menos, assistir menos o telejornal, nadar pelado em uma praia e tantas outras coisas que não cabe citar aqui.

     É preciso planejar a sua morte. É preciso pensar que você nem sempre estará aqui. Chore agora, enquanto você tem um bom tempo para viver, para então você aceitar que este é o destino de todos e que a vida é assim mesmo, com seus mistérios indecifráveis.

     Só tomando consciência da morte saberemos o que é viver, pois enquanto isto não acontece estamos tão distraídos com fatores mundamos e superficiais que esquecemos ainda hoje poderemos morrer. Embora pareça que este é um pensamento mórbido, afirmo que não é. Muito pelo contrário é uma forma de você não deixar as coisas para amanhã e que assim que nascemos as areias do tempo começam a descer pela ampulheta.

     Autor: Evandro Venâncio Blog

 

      *  Drauzio Varella (São Paulo, 1 de janeiro de 1943) é médico oncologista e escritor brasileiro, formado pela Universidade de São Paulo, na qual foi aprovado em 2° lugar, conhecido por popularizar a medicina, através de programas de rádio e TV. Foi também um dos fundadores da Universidade Paulista e da Rede Objetivo, onde lecionou física e química durante muitos anos. No início dos anos 70, já como médico, ele começou a trabalhar com o professor Vicente Amato Neto na área de moléstias infecciosas do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Durante 20 anos, dirigiu também o serviço de imunologia do Hospital do Câncer (São Paulo) e, de 1990 a 1992, o serviço de câncer do Hospital do Ipiranga. Deu aulas em várias faculdades do Brasil e em instituições em outros países, como o Memorial Hospital de Nova Iorque, a Cleveland Clinic (também nos Estados Unidos), o Instituto Karolinska de Estocolmo, a Universidade de Hiroshima e o National Cancer Institute, em Tóquio.  Além do câncer, Drauzio Varella dedicou seu trabalho ao estudo da AIDS. Foi um dos pioneiros no estudo dessa doença no Brasil, especialmente do sarcoma de Kaposi. Em 1989, iniciou um trabalho no Carandiru (nome popular da "Casa de Detenção de São Paulo"), investigando a prevalência do vírus HIV nos detentos.

Comentários

Comente aqui este post!
Clique aqui!

 

Também recomendo

  •    Quando menina, eu não tinha muitos livros. Na verdade, até os seis anos de idade não tinha nenhum. Foi aí que alguém presenteou a nossa família um exemplar de: O Pequeno Príncipe. Assim se deu a minha estreia no mundo sem precedentes da literatura, e do principezinho…   (continua)


  •    O dramaturgo inglês Richard Olivier encontrou uma maneira inovadora de dar continuidade ao legado de seu pai, o ator britânico Laurence Olivier, um dos maiores intérpretes da obra de William Shakespeare. Há cinco anos, Richard começou a dar aulas sobre o Grande Bardo a executivos de empresas multinacionais. É preciso motivar seus funcionários? Henrique V neles.   (continua)


  •    Tenho um amigo jornalista que adora fazer listas de preferência: os 10 mais de todos os tempos, os 100 piores, os 1000 imperdíveis, e por aí vai. Desconfio que ele se sinta em êxtase até mesmo quando a esposa coloca em suas mãos uma reles lista de compras do supermercado.   (continua)


  • "Ser ou não ser, eis a questão.
    O que é mais nobre? Sofrer na alma
    As flechas da fortuna ultrajante
    Ou pegar em armas contra um mar de dores
    Pondo-lhes um fim? Morrer, dormir
    (continua)


  •      "Esse espanto perante a ordem é a primeira inspiração da ciência. Quando um cientista enuncia uma lei ou uma teoria, ele está contando como se processa a ordem, está oferecendo um modelo de ordem. Agora ele poderá prever como a natureza vai se comportar no futuro. É isto que significa testar uma teoria: ver se, no futuro, ela se comporta da forma como o modelo previu."   (continua)


  •    A moral política não pode proporcionar à sociedade nenhuma vantagem durável, se não for fundada sobre sentimentos indeléveis do coração do homem. Toda lei que não for estabelecida sobre essa base encontrará sempre uma resistência à qual será constrangida a ceder. Assim, a menor força, continuamente aplicada, destrói por fim um corpo que pareça sólido, porque...   (continua)


  •    "As qualidades que eu admirava no meu pai eram a sua brandura, a sua firme recusa em se desviar de qualquer decisão a que tinha chegado, a sua completa indiferença às falsas honrarias; o seu esforço, a sua perseverança e vontade de ouvir atentamente qualquer projecto para o bem comum; a sua invariável insistência em que as recompensas devem depender do mérito; o seu hábil sentido de oportunidade para puxar ou soltar as rédeas...   (continua)


  •      Muito interessante este link para os que gostam de literatura. Vale a pena!

          http://revistaescola.abril.com.br/swf/jogos/jogoLiteratura/
     


Copyright 2011-2024
Todos os direitos reservados

Até o momento,  1 visitas.
Desenvolvimento: Criação de Sites em Brasília