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Quadriplégico dará pontapé na abertura da copa

Enviado por Gilberto Godoy
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     Publicado originalmente na revista 'Brasileiros' em abril de 2011 por Ailton Medeiros

     A revista dedicou 16 páginas a 'Cidade do Cérebro', um centro de ensino de saúde e pesquisa de ponta, com 100 mil hectares, que o neurocientista está implantando em Macaíba, na Grande Natal (RN).

     Na entrevista concedida ao repórter Ricardo Kotscho, Nicolelis revela que está perto de vencer seu maior desafio: fazer um paraplégico voltar a andar, movido por uma veste robótica comandada pelo cérebro.

     “Se tudo der certo, um menino brasileiro que era quadriplégico até recentemente vai subir andando o túnel do Maracanã, junto com a Seleção Brasileira, para dar o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014, usando a atividade do cérebro para controlar a veste robótica”, escreve Kotscho.

     Pois bem, é este cientista, várias vezes candidato ao Prêmio Nobel de Medicina, que o bedel Vicente Serejo tenta intimidar com notinhas asquerosas no “Jornal de Hoje”.

     O que fez Nicolelis para atrair a sanha inquisitorial de Serejo? Criticou os coronéis e as oligarquias da Taba!


Seguem trechos da entrevista:

Brasileiros: Como você conseguiu mudar isso?

Miguel Nicolelis: À medida que a minha ciência foi explodindo e sendo reconhecido no mundo, as pessoas viram que eu não estava brincando. As coisas foram aparecendo, as construções, as escolas, os laboratórios, o centro de saúde. A mudança veio de fora para dentro. Quando a revista Scientific American publicou uma reportagem de capa, dizendo que o nosso projeto era um dos melhores modelos de ciência para o desenvolvimento do terceiro mundo, as coisas começaram a melhorar. Em 120 anos, foi a primeira vez que a revista publicou uma carta de um Presidente da República. O presidente Lula, o ministro da Educação, Fernando Haddad e eu assinamos uma carta dizendo que esse projeto era paradigma para um currículo de educação científica que beneficiará um milhão de crianças. Isso saiu como editorial da Scientific American, mas não foi publicado em lugar nenhum no Brasil. Saiu em todo lugar, saiu no México, saiu na Europa, foi um choque. De repente, tinha um projeto em Macaíba que era notícia no mundo inteiro, menos aqui.

Brasileiros: Quem você conseguiu convencer primeiro aqui no Brasil de que a ideia era boa?

MN: Primeiro foi o Lula, em 2003, 2004. Depois, eu convenci gente muito querida, como o Isaac Roitman, que é um cientista brasileiro famosíssimo. Eu o chamo de general Roitman. Nós criamos a “Coluna Roitman”, que era uma espécie de Coluna Prestes da ciência. Hoje, ele é aposentado, mas foi um dos grandes microbiologistas do Brasil. Quando trabalhava como secretário do Ministério da Ciência e Tecnologia, ele ouviu falar do projeto e me convidou para falar com o Roberto Amaral, que foi o primeiro ministro do setor e me tratou muito bem. Comecei a conseguir verbas iniciais do governo federal e recurso privados porque a minha promessa era a seguinte: para cada real que o governo brasileiro pusesse no projeto, eu sairia pelo mundo para conseguir pelo menos mais um real no exterior. Comecei a fazer contatos com brasileiros que moravam fora do País. Em 2005, quando eu me encontrei com a senhora Lily Safra, o projeto já existia, o instituto já existia.

Brasileiros: Como vc chegou a ela?

MN: Foi uma coisa louca. Eu recebi um telefonema, na Suíça, de um amigo em comum, um verdadeiro irmão israelense chamado Hidan Segueve, que falou do projeto para a senhora Safra. Um dia ela me liga, bem na hora em que eu estava descendo de um trem em Genebra. Ao ouvir o nome dela, tropecei no degrau do vagão, caí, rasguei minha calça. Sentei em um banco porque estava achando que era trote, e era ela. Fui convidado para visitá-la na sua casa em Londres. Dois dias depois, eu estava na casa dela apresentando o nosso projeto. Aí começou a pegar no breu. Por questões contratuais, eu não posso falar em valores, mas foi a maior doação privada da história da ciência brasileira até hoje.

Brasileiros: O senhor se lembra de alguma história emblemática desse início de implantação do projeto, algo que lhe deu a certeza de que estava no caminho certo e não poderia desistir?

MN: Quando a gente abriu a primeira escola em março de 2007, em Natal, nós trouxemos os maiores neurocientistas do mundo para conhecer o trabalho, veio até um prêmio Nobel. Uma menininha de Cidade da Esperança, que é o bairro onde fica a escola, me pegou no braço quando eu entrei na escola, e falou: “O senhor promete uma coisa para mim?”. Perguntei o que era e ela respondeu: “O senhor não vai embora daqui nunca, não é?”. Prometi para ela que nunca iria embora daqui. Os cientistas americanos olharam para mim e pediram para eu traduzir o que a menina tinha falado. Esses caras são gente de casca dura, mas não teve um que não marejou os olhos.

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