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1001 músicas para ouvir antes de morrer

Enviado por Gilberto Godoy
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     As sete canções brasileiras incluídas no livro inglês ‘1001 músicas para ouvir antes de morrer’ inspiram uma ‘resposta’ nacional.

     RIO — A lista é enorme, como adianta o título do livro “1001 músicas para ouvir antes de morrer” (Sextante), que cobre de “O sole mio” (1916), com Enrico Caruso, a “Stylo” (2010), com Gorillaz. A participação do Brasil entre as duas pontas, porém, é modesta. São sete aparições, todas representativas de um olhar estrangeiro sobre a música brasileira: três são relacionadas à bossa nova (todas de Tom Jobim, duas delas em gravações com artistas americanos); uma é dos Mutantes (valorizados por músicos como Beck e Kurt Cobain); outra, de Jorge Ben Jor, foi plagiada por Rod Stewart; duas são dos brasileiros radicados no exterior Sérgio Mendes e Cansei de Ser Sexy (CSS). Problema nenhum. Afinal, a experiência nada científica de montar uma lista sempre é feita a partir de um ponto de vista. Mas a lista do livro suscita — como é comum acontecer com listas — o desejo de montar outra seleção, desta vez feita de dentro, daqui.

     Os colunistas JOaquim Ferreira dos Santos e Arthur Dapieve, do Segundo Caderno, já responderam à provocação nos últimos dias em suas colunas, comentando o livro. Agora, nesta reportagem, a partir das escolhas de 12 jurados (entre músicos, produtores, pesquisadores e críticos) foi montada uma lista “brasileira”, uma contraposição amistosa à seleção apresentada pelo britânico Robert Dimery, organizador de “1001 músicas para ouvir antes de morrer” — e também de “1001 discos para ouvir antes de morrer”, de 2006. Apesar de as listas de cada participante do júri, individualmente, trazerem surpresas e lembranças de tesouros esquecidos, o cruzamento resulta quase convencional. Duas canções, “Águas de março” e “Mas que nada”, estão nas duas listas.

     Mesmo assim, há diferenças marcantes, mesmo sutis. Todas apontam para aspectos perceptíveis para os brasileiros, mas que escapam ao um olhar externo apressado: a afirmação da importância de Noel Rosa e Paulinho da Viola; o destaque ao papel fundador e revolucionário de “Chega de saudade”; a grandeza de “Carinhoso”, impressa como clássico com força que não se vislumbra fora das fronteiras brasileiras.

     Há aspectos comuns. Driblar o óbvio, por exemplo, é uma das dificuldades ao se montar uma lista que contemple vários pontos de vista — no livro, há 48 colaboradores, além do próprio Dimery, que escolheram e resenharam as músicas. O organizador confirma:

     — A seleção inicial era um pouco mais experimental do que a vista no livro. Com os artistas mais famosos, queríamos pôr canções menos conhecidas. Mas percebemos que isso desapontaria muitos leitores. E, claro, tínhamos que combinar a música ocidental com um bom número de canções não ocidentais (conceito que, nesse caso, engloba a música brasileira).

     Sobre essas últimas, Dimery defende que entre seus colaboradores há “especialistas em música não ocidental”, que trabalharam com os mesmos critérios usados com as outras (“canções que têm um legado, uma influência duradoura”). E, apesar de reconhecer que suas escolhas brasileiras podem parecer as de um turista, ele justifica:

     — Havia certas canções que seria negligência não incluir. Nomes como Jorge Ben e Mutantes são muito queridos no exterior. Suas canções tiveram uma enorme influência. De uma perspectiva brasileira, sei que pode parecer um certo “turismo” musical, que as escolhas foram óbvias e que havia canções menos conhecidas que deveríamos ter incluído. Mais que tudo, a escolha foi determinada pelo espaço limitado. Você deixaria de fora Jorge Ben (além de “Taj Mahal”, a tal plagiada por Rod Stewart, ele está na lista como compositor de “Mas que nada” e “A minha menina”)? Ou Antônio Carlos Jobim? Eles podem ser bem familiares para você, mas haverá leitores no resto do mundo que não os descobriram ainda. E, quando fizerem, devem se inspirar a procurar outros artistas brasileiros menos famosos.

     O livro traz, no fim, uma extensão da lista, “10.001 músicas para ouvir...”, só com os nomes, sem comentários. Ali, a seleção brasileira é ainda mais reveladora de um olhar estrangeiro: de Caetano Veloso, aparecem “Alegria, alegria”, “O estrangeiro” e “Lua e estrela” (de Vinicius Cantuária); Chico Buarque é lembrado só por “Samba de Orly”; o Gilberto Gil compositor é ignorado e só canta “Chiclete com banana” (de Almira Castilho e Gordurinha); Ed Motta entra com “Tem espaço na van”. Estão lá também nomes mais novos com alguma projeção global, como Cibelle e Gui Boratto. O Kaoma e sua “Lambada” também não foram esquecidos.

     As listas completas dos jurados desta reportagem (Alfredo Del-Penho, Charles Gavin, Edgard Scandurra, Hugo Sukman, JR Tostoi, Luiz Tatit, Marcelo Yuka, Mauricio Valladares, Pedro Sá, Ronaldo Bastos, Tárik de Souza e Zuza Homem de Mello) apontam para outras direções. Dorival Caymmi está em várias, com canções diferentes, assim como Caetano. Há ainda Luiz Gonzaga, Chico Buarque, Roberto & Erasmo, Djavan, Milton, Jackson do Pandeiro, Cartola, Clara Nunes, João Bosco, Nelson Cavaquinho, Chico Science, Luís Melodia, Rita Lee e Dona Ivone Lara. Um painel mais reconhecível aos ouvidos daqui, mas tão brasileiro quanto o outro — apenas de Brasis diferentes, mais complementares que opostos.


     Veja a lista de músicas escolhidas por cada um dos jurados. (e a minha):

HUGO SUKMAN, curador do novo Museu da Imagem e do Som

“Águas de março” (Tom Jobim), com Elis Regina e Tom Jobim

“Carinhoso” (Pixinguinha/Braguinha), com Orlando Silva

“Chega de saudade” (Tom Jobim/Vinicius de Moraes), com João Gilberto

“Divina dama” (Cartola), com Francisco Alves

“O X do problema” (Noel Rosa), com Aracy de Almeida

“Pescaria” (Dorival Caymmi), com Dorival Caymmi

“Tempo feliz” (Baden Powell/Vinicius de Moraes) - com Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio


LUIZ TATIT, pesquisador e compositor

“Coisas do mundo, minha nega” (Paulinho da Viola), com Paulinho da Viola

“Fera ferida” (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos), com Ceatano Veloso

“Meu guri” (Chico Buarque), com Chico Buarque

“Milágrimas” (Itamar Assumpção/Alice Ruiz), com Zélia Duncan

“Oceano” (Djavan), com Djavan

“Socorro” (Arnaldo Antunes/Alice Ruiz), com Cássia Eller

“W/Brasil”, com Jorge Ben Jor


ALFREDO DEL-PENHO, pesquisador e músico

“Asa branca” (Luis Gonzaga/ Humberto Teixeira), com Luiz Gonzaga

“Canto das três raças” (Mauro Duarte/ Paulo César Pinheiro), com Clara Nunes

“Chega de saudade” (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes), com João Gilberto

“Chiclete com banana” (Gordurinha/ Almira Castilho/ Jackson do Pandeiro), com Jackson do Pandeiro

“Conversa de botequim” (Noel Rosa/ Vadico), com Noel Rosa

“Foi um rio que passou em minha vida” (Paulinho da Viola), com Paulinho da Viola

“Moeda” (Romildo/ Toninho), com Clara Nunes


CHARLES GAVIN, pesquisador e músico

“As rosas não falam” (Cartola), com Cartola

“Carolina” (Chico Buarque), com Chico Buarque

“Debaixo dos caracóis de seus cabelos” (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos), com Roberto Carlos

“É doce morrer no mar” (Dorival Caymmi), com Dorival Caymmi

“Fita amarela” (Noel Rosa), com Noel Rosa

“Foi um rio que passou em minha vida” (Paulinho da Viola), com Paulinho da Viola

“Você é linda” (Caetano Veloso), com Caetano Veloso


PEDRO SÁ, músico e produtor

“Águas de março” (Tom Jobim), com João Gilberto

“Amazonas” (João Donato/ Lysias Ênio), com João Donato

“Carinhoso” (Pixinguinha/ Braguinha), com Orlando Silva e o regional de Pixinguinha

“Divino maravilhoso” (Caetano Veloso/ Gilberto Gil), com Gal Costa

“Expresso 2222” (Gilberto Gil), com Gilberto Gil

“Fio Maravilha” (Jorge Ben Jor), com Jorge Ben Jor

“O que é que a baiana tem” (Dorival Caymmi), com Carmen Miranda e Bando da Lua.


ZUZA HOMEM DE MELLO, pesquisador

“Águas de março” (Tom Jobim), com Elis Regina e Tom Jobim

“Aquele abraço” (Gilberto Gil), com Gilberto Gil

“Linha de passe” (Paulo Emilio/ Aldir Blanc/ João Bosco), com João Bosco

“Onde a dor não tem razão” (Paulinho da Viola/ Elton Medeiros), com Paulinho da Viola

“Podres poderes” (Caetano Veloso), com Caetano Veloso

“Retrato em branco e preto” (Tom Jobim/ Chico Buarque), com João Gilberto

“Três apitos” (Vadico/ Noel Rosa), com Aracy de Almeida


JR TOSTOI, músico e produtor

“Baby” (Caetano Veloso), com Mutantes

“Boa hora” (Alvinho Lancellotti/ Domenico Lancellotti), com Fino Coletivo

“Detalhes” (Roberto Carlos, Erasmo Carlos), com Roberto Carlos

“Do Leme ao Pontal” (Tim Maia), com Tim Maia

“Pais tropical” (Jorge Ben Jor), com Jorge Ben Jor

“Pode me chamar” (Fábio Trummer), com Eddie

“Tijolo a tijolo, dinheiro a dinheiro” (Lucas Santtana), com Lucas Santtana)


MAURICIO VALLADARES, DJ

“Cebola cortada” (Petrúcio Maia / Clodô), com Fagner

“Caminhante noturno” (Sergio Dias/ Arnaldo Baptista/ Rita Lee), com Os Mutantes

“Com que roupa” (Noel Rosa), com Noel Rosa

“Da lama ao caos” (Chico Science), com Chico Science & Nação Zumbi

“Expresso 2222” (Gilberto Gil), com Gilberto Gil

“Juízo final” (Nelson Cavaquinho/ Élcio Soares), com Nelson Cavaquinho

“Mas que nada” (Jorge Ben Jor), com Jorge Ben Jor


TÁRIK DE SOUZA, jornalista e pesquisador

“A flor e o espinho” (Nelson Cavaquinho/ Guilherme de Brito), com Eliseth Cardoso

“Assum preto” (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira), com Gal Costa

“Carinhoso” (Pixinguinha/ João de Barro), com Orlando Silva

“Desafinado” (Tom Jobim/ Newton Mendonça), com João Gilberto

“Haiti” (Caetano Veloso/ Gilberto Gil), com Caetano Veloso e Gilberto Gil

“Mas que nada” (Jorge Ben Jor), com Jorge Ben Jor

“O mar” (Dorival Caymmi), com Dorival Caymmi


RONALDO BASTOS, compositor e produtor

“Cais” (Milton Nascimento/ Ronaldo Bastos), com Milton Nascimento

“Caminhos cruzados” (Newton Mendonça/ Tom Jobim), com João Gilberto

“Estácio holly Estácio”, com Luis Melodia

“Ilusão à toa” (Johnny Alf), com Johnny Alf

“Mania de você” (Rita Lee/ Roberto de Carvalho), com Rita Lee

“Quem vem pra beira do mar” (Dorival Caymmi), com Dorival Caymmi

“Sorriso negro” (Jorge Portela/ Adilson Barbado/ Jair Carvalho), com Dona Ivone Lara

“Três apitos” (Vadico/ Noel Rosa), com Maria Bethânia


MARCELO YUKA, músico:

“Domingo no parque” (Gilberto Gil), com Gilberto Gil

“Jorge da Capadócia” (Jorge Ben Jor), com Jorge Ben Jor

“Livro” (Caetano Veloso), com Caetano Veloso

“Mora na filosofia” (Arnaldo Passos/ Monsueto), com Monsueto

“Ninguém presta” (Guto, Mauro, Pé, Campa), com Tolerância Zero

“Saudosa maloca” (Adoniran Barbosa), com Adoniran Barbosa

“Todo menino é um rei” (Nelson Rufino/ Zé Luiz do Império), com Roberto Ribeiro


EDGARD SCANDURRA, músico e compositor

“Aquarela do Brasil” (Ary Barroso), com Toots Thielemans e Elis Regina

“Tico-tico no fubá” (Eurico Barreiros/ Zequinha de Abreu), com Carmen Miranda

“Garota de Ipanema” (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes), com Tom Jobim

“Mas que nada” (Jorge Ben Jor), com Jorge Ben Jor

“Brasileirinho” (Waldir Azevedo), com Novos Baianos

“Calix bento” (folclore), com Milton Nascimento

     Fonte: Leonardo Lichote - oglobo.com.br


As do Blog:

"Naquela mesa" (Sérgio Bittencourt)

"Construção" (Chico Buarque)

"Tocando em frente" (Almir Sater)

"Outra vez" (Roberto Carlos)

"Luar do sertão" (Luiz Gonzaga e Milton Nascimento)

"Corcovado" (Tom Jobim)

"O navio negreiro" (Caetano Veloso)

"Eu te devoro" (Djavan)

      Obs.: como é difícil escolher só 7 !  Não poderia deixar de citar ainda: Chão de estrelas (Orestes Barbosa); O livro dos dias (Legião Urbana); "Despedida" (Marcelo Camelo); Como nossos pais (Elis Regina); Caminhos do coração (Gonzaguinha); Cebola cortada (Fagner);  Andanças (Beth Carvalho); Extase (Guilherme Arantes); Resposta ao tempo (Nana Caymi) e Um girassol da cor dos seus cabelos (Lô Borges) ...

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