Aguarde por gentileza.
Isso pode levar alguns minutos...

 

A leitura e a imaginação - Theófilo Silva

Enviado por Theófilo Silva
a-leitura-e-a-imaginacao---theofilo-silva

 

     Shakespeare diz em Sonho de uma Noite de Verão que “Os apaixonados e os lunáticos têm cérebros ardentes, fantasias visionárias que percebem o que a fria razão jamais poderá compreender”. É sobre a capacidade de imaginar, e de onde podemos encontrar fontes para que isso ocorra que quero falar, e da enorme importância que a imaginação tem nas nossas vidas.

     Somente uma fração ínfima da população mundial  – nunca a humanidade gozou de fartura em bens materiais  maior do que agora – pode  ter acesso a quase tudo que o desejar. Pouquíssimos, podem ter residências espalhadas pelo mundo, casas de campo, jatinho, helicóptero, Iate, vários prédios de sua propriedade, obras de arte, Ferraris etc. Por mais que a maioria das pessoas lute desesperadamente por isso. Mesmo nos lugares mais ricos do mundo,  Londres, Los Angeles,  raríssimos gozam do privilégio de “ter tudo”. Simplesmente, porque o planeta não tem recursos naturais suficientes para isso.

     Como os miseráveis, pobres, classe média alta e baixa e ricos representam 99% da população mundial,  o que  consola esse povo para eles não “morrerem de inveja” desse 1% restante,  que tem tudo? Ah, sim, tem também um minúsculo grupo de homens públicos, presidentes, governadores,  ministros e outros cargos, que o Estado oferece acesso a muitos privilégios que só os milionários têm. Mas isso é provisório, é uma questão de exercício de mandato – Sarney é uma exceção.

     Então, que restaria como consolo e diferencial,  além de viver a vida com suas alegrias e tristezas,  dentro de sua classe social,  para essa enorme massa que não tem acesso ao que os milionários têm? Digo isso, porque pessoas se embrutecem, se corrompem, vendem a alma, o pai e a mãe, matam se for necessário,  para enriquecerem – tenho amigos de juventude apodrecidos pela corrupção. Não que riqueza material seja garantia de felicidade ou de bem estar. Nenen Constantino,  dono da Gol, pertence ao exclusivíssimo clube  dos 1200 bilionários do mundo, no entanto  é um desgraçado que entra e sai da cadeia todo dia, aos 80 anos de idade.

     Aí, pergunto o que é que pode transformar uma pessoa sem muito dinheiro tão rica quanto um milionário saudável, desses que sabem usufruir da vida de forma sensata? Diria que a Força da Imaginação, a capacidade de se transportar para outras situações, no espaço e no tempo. Aquilo que “a fria razão jamais poderá compreender”,  como disse Shakespeare. É aí que entra o poder da arte, a capacidade de criar – benção concedida a raríssimos – e a Leitura, esse tesouro acessível a todos, que tem o poder de transformá-lo num milionário. Algumas pessoas têm as duas coisas: a imaginação de Joan Rowling, criadora de Harry Potter, a transformou numa bilionária. Os artistas e os empreendedores pertencem a essa categoria especialíssima.

     Há poucas coisas tão maravilhosas quanto ler,  entrar em um livro e viajar para lugares que você nunca imaginou que existissem. Sem contar, a quantidade de informações e de cultura que se adquire. Faz diferença para mim, contemplar as Portas do Paraíso do batistério da Igreja de Nossa Senhora das Flores, em Florença, na Itália, e discorrer, por horas, sobre suas formas, e de quando, e porque ela foi construída; ou olhar para igreja de Santa Sofia em Istambul (Constantinopla), na Turquia, e contar a história do mundo nos últimos dezessete séculos a partir dela. Isso o Nenen Constantino não consegue fazer.  Mas um ávido leitor sabe, e nessa hora ele é mais do que um milionário texano.  Assim, um milionário ignorante olhando para a Catedral de São Pedro, em Roma, não passa de um jumento olhando para uma igreja.

     A arte nos torna sublimes, a dança, teatro, música, cinema têm o poder de nos elevar como seres humanos. Mas a forma mais gratuita de libertar a imaginação é a Leitura, acessível até mesmo aos miseráveis. Se você não é aventureiro, ator de Hollywood, escritor de sucesso, Larry Page, estadista,  recomendo a forma mais fácil e cômoda de se sentir grande, e no conforto de sua casa, sem correr nenhum risco, leia um bom livro!

     Diz Virgínia Woolf que “Quando chegar o Dia do Julgamento e os grandes conquistadores, advogados e estadistas se apresentarem para receber suas recompensas, o Todo-poderoso  dirá, não sem uma certa inveja, quando nos vir aproximando-nos com nossos livros debaixo do braço: “Vejam, esses não precisam de recompensas. Nada temos aqui para dar a eles. Amaram ler.”

 

Comentários

Comente aqui este post!
Clique aqui!

 

Também recomendo

  •    “A compreensão do papel do ambiente na vida humana mostra que ele não apenas “cutuca ou sacode”, mas seleciona. Sua função é semelhante à da seleção natural, embora em uma escala temporal bem diferente... seu papel foi deixado de lado e é importante para uma análise consistente do comportamento.   (continua)


  •    Pistas não faltam: seja pelo jeito peculiar com que as famílias vão se transformando, seja pela rotina das cidades, a evolução dos gostos e preferências das sociedades, as apostas da ciência ou os caminhos abertos pela tecnologia, já é possível vislumbrar como será a vida de um cidadão daqui para a frente.   (continua)


  •    Nasce o ideal da nossa consciência da imperfeição da vida. Tantos, portanto, serão os ideais possíveis, quantos forem os modos por que é possível ter a vida por imperfeita. A cada modo de a ter por imperfeita corresponderá, por contraste e semelhança, um conceito de perfeição. É a esse conceito de perfeição que se dá o nome de ideal.   (continua)


  •    Elton Simões 
       Não tenho o menor senso de direção. Faço parte daquele grupo de pessoas para as quais o deslocamento de um lugar a outro é sempre um desafio. O Norte parece sempre mudar de lugar. Estar pedido é não somente habitual, mas também um fato inevitável da vida.   (continua)


  •    Era o elemento que faltava para completar o pacote ecologicamente correto do estereótipo do povo de Seattle. Além de fazer reciclagem, comprar produtos orgânicos produzidos localmente e trocar o carro pelo transporte público, o típico morador de Seattle também simplifica a vida praticando o “downsizing”.   (continua)


  •    Étienne de La Boétie morreu aos 33 anos de idade, em 1563. Deixou sonetos, traduções de Xenofonte e Plutarco e o Discurso Sobre a Servidão Voluntária, o primeiro e um dos mais vibrantes hinos à liberdade dentre os que já se escreveram.  Toda a sua obra ficou como legado ao filósofo Montaigne (1533 – 1592), seu amigo pessoal que... (continua)


  •    É duro aceitar que algumas pessoas são mais capazes e mais afortunadas do que outras. Há muito suspeitava que um dia as mulheres mais bonitas iam ser de alguma forma castigadas por nossa sociedade. Meu temor, em parte, se confirmou. Incluindo aí também um castigo para os homens mais bonitos. E por quê?   (continua)


  •    Hoje voltou o frio. Veio como havia muito não vinha. Gelou o ar, esfriou o sofá da sala, resgatou meias, casacos e dores do fundo de uma gaveta que emperra como não quisesse abrir. Chegou sabe-se lá de onde, do pacífico, dos polos congelados, do sul do país. Não importa. Aqui faz frio. Em seu sopro fresco e úmido, esse frio há de aquecer os ímpetos de alguém.   (continua)


Copyright 2011-2025
Todos os direitos reservados

Até o momento,  1 visitas.
Desenvolvimento: Criação de Sites em Brasília