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As Olimpíadas e os Britânicos - Theófilo Silva

Enviado por Theófilo Silva
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     Ver Kenneth Brannagh declamando Shakespeare na abertura da Olímpíada de Londres foi uma grata surpresa e grande alegria. O tema da cerimônia foi inspirado na peça, A Tempestade, uma das últimas escritas pelo Bardo de Stratford. É lá que está a frase “Essa ilha é cheia de barulhos”, que foi gravada no sino de vinte e seis toneladas que deu início ao evento.

     A Tempestade se passa numa ilha imaginária. Nessa peça, Shakespeare se livrou de todas as peias do mundo real, deixando sua imaginação agir sem amarra alguma. Daí o porquê da escolha desse tema shakespeariano, pelos organizadores dos jogos: um lugar onde os sonhos são possíveis de serem realizados.

     Sediando sua terceira olimpíada, os britânicos nos presentearam com uma cerimônia impecável, inédita e insólita. Durante uma hora e vinte minutos, eles contaram a história do Reino Unido da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Pudemos ver uma pequena comunidade rural ir se transformando em cidade medieval, industrial, grande metrópole, nação moderna. A mistura de “raças” e cores, seus ícones, crianças, seus aristocratas, operários, soldados, marinheiros estavam todos representados no gigantesco palco.

     Os fogos de artifício superaram em beleza, harmonia, precisão e combinação de cores,   qualquer coisa do gênero já feita antes. O espetáculo não ficou restrito apenas ao interior do estádio. Sendo uma apresentação feita para a televisão, para o público mundial, e não apenas para os presentes. Mesmo à distância pudemos ver as explosões de luz e cores melhor do que os que estavam lá.

     Por fim, a fala da Rainha Elizabeth II – que chegou escoltada pelo agente 007, James Bond – declarando oficialmente abertos os 27º jogos da era moderna, na cidade de Londres. Duzentas e cinco nações estavam presentes. Naquela que foi a maior concentração de países já registrada num evento. Após o acendimento da tocha, todos caíram na dança ao som do Beatle Paul McCartney, com a lendária canção Hey Jude. Tudo feito de forma impecável.

     Que fator foi o responsável para que uma pequena ilha nevoenta, situada nas cercanias da Europa, onde chove o tempo todo, tenha sido por dois séculos a maior potência mundial? Dominando quase um terço do planeta terra. E que ainda tenha moldado outras nações que são exemplos para o mundo, como Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Singapura, Hong Kong e o colosso Estados Unidos da América? E a Índia – que não foi vítima do imperialismo inglês, e sim beneficiada. Perguntem aos indianos.

     O segredo do sucesso da Inglaterra não foi a Companhia das Indias Orientais; o Tratado de Livre Comércio de Elizabeth I; sua poderosa armada; o Teatro de Shakespeare; a Lei da Gravitação Universal, de Newton; a Revolução Industrial; A Origem das Espécies, de Darwin, ou ainda a “World Wide Web” de Tim Berners Lee. Por mais importantes que essas realizações extraordinárias possam ser.

     A resposta para o segredo do sucesso britânico está em um documento legal, no primeiro simulacro de Constituição, a Carta Magna, produzido pelos ingleses em 1215. Antes eles já tinham o “Common Law” e depois a “Bill of Rights”. Todas pioneiras. Porque sabiam que o segredo da prosperidade é o Estado de Direito, o ordenamento jurídico, o respeito às leis, o pacto que o Estado faz com os homens, para que eles possam conviver e trabalhar em harmonia.

     Justiça. Eis o nome da chave para abrir o Brasil. Algo que a sociedade brasileira desconhece. Somos um país injusto. Seremos os próximos anfitriões dos Jogos Olímpicos. Os primeiros em um país da América Latina. Chegou a hora de o Brasil criar vergonha e mostrar para o mundo que podemos ser uma sociedade mais justa. E fazer o que os ingleses fizeram oitocentos anos antes.

     Theófilo Silva é autor do livro A Paixão Segundo Shakespeare

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