Aguarde por gentileza.
Isso pode levar alguns minutos...

 

Jogadores e Guerreiros - Theófilo Silva

Enviado por Theófilo Silva
jogadores-e-guerreiros---theofilo-silva

   Quando, em artigo anterior, chamei a Copa do Mundo de futebol de guerra moderna, alguém me disse que exagerei, que “futebol não tem nada a ver com guerra”. Tem.  Quem conhece história sabe o que estou falando. Em cinco mil anos de civilização, o mundo não viveu mais do que duzentos anos sem que uma guerra estivesse acontecendo em algum lugar do planeta. Basta ver os últimos cem anos, da Primeira Guerra Mundial aos dias de hoje, quando foi que vimos o mundo sem uma guerra?

   O esporte mais praticado no passado era matarem-se uns aos outros. Era fazer a guerra. A guerra era considerada uma atividade nobre, de cavalheiros – os soldados eram “bucha de canhão”. Os aviadores da Primeira Guerra Mundial – vide o barão vermelho, Manfred Von Richtofen – achavam o ato de duelar nos ares como supremo cavalheirismo. A quantidade de jovens que morreram na Guerra de 1914 despovoou os principais países da Europa da fina flor de sua juventude. E os jovens foram para a Guerra como se fossem a um passeio. Somente no primeiro dia do conflito 30 mil jovens franceses perderam suas vidas.

   Sócrates, “o mais sábio dos homens”, foi soldado e amava a guerra. O maior orgulho de muitos homens do passado era mostrar seus ferimentos de guerra, o Coriolano de Shakespeare mostra isso.  Duas das maiores obras da literatura ocidental, a Ilíada e a Odisseia, retratam guerras e guerreiros, Ulisses, Aquiles, Heitor e outros. Quando a Segunda Mundial estourou, o maior dos escritores alemães Thomas Mann escreveu: “Guerra traz purificação”. E assim, muitos intelectuais louvavam a guerra. E as Guerras mataram mais de cem milhões de pessoas somente no século XX. 

   Mas essas guerras, que ceifavam vidas aos milhões, começam a ficar para trás. Está quase extinta no ocidente, e restrita há algumas partes do oriente islâmico – não reconheço o terrorismo como guerra. Portanto, aos poucos os homens estão arranjando outras formas de descarregar suas energias, de mostrar seu orgulho, ufanismo, nacionalismo, patriotismo, ou qualquer outro nome que se dê a esse sentimento. O esporte é um substituto da antiga forma de medir forças, que era o ato de guerrear.

   O futebol é um dos catalisadores dessa agressividade reprimida. Com suas regras simples, o futebol congrega milhares de times e, sem exagero, milhões de jogadores, profissionais e amadores em todos os lugares da terra. Basta uma bola e um espaço qualquer para se jogar futebol. E não foi na sofisticada Inglaterra, o país que inventou o futebol, que esse esporte tão popular pariu o povo mais dedicado a ele. Foi no outro lado do atlântico que o futebol iria encantar o mundo, no Brasil.

   Somos conhecidos no mundo todo como o País do Futebol, pelos nossos craques, pelos nossos títulos mundiais, por Pelé, e por tudo que o futebol representa para nós. Sediar uma Copa do Mundo pela segunda vez – a Copa de 50 só ocorreu aqui por conta da guerra na Europa –  é uma oportunidade de o Brasil mostrar que ele realmente cresceu e pode proporcionar ao mundo um grande espetáculo. E isso está ocorrendo agora. Quando um ano atrás explodiram as inesperadas manifestações de protesto contra a corrupção, a praga brasileira, e a má qualidade dos serviços públicos uma minoria começou a utilizar a Copa do Mundo, para atacar o país e execrá-lo perante as nações.

   O que estamos assistindo hoje é um duelo de nações, de equipes aguerridas lutando pelo seu país em pé de igualdade com as poderosas – nos dois aspectos, futebolístico e econômico - Alemanha, Holanda, Inglaterra. Estão aí Irã, Argélia e Costa Rica para provar isso. Esses jogadores são guerreiros defendendo sua pátria, bandeira e hino. A paixão com que cada jogador luta em campo, com suor e lágrimas, na vitória ou na derrota, são demonstrações de amor, de patriotismo, substituindo armas por uma bola.

   Não tenho nada contra quem não gosta de futebol, pois, como diz Shylock em O Mercador de Veneza “A afeição, soberana da paixão, dita-lhes o que devem amar ou detestar”. Ninguém é obrigado a gostar de algo. Mas não compreendo os ignorantes e pessimistas – vândalos são criminosos, a eles à lei – que não veem a gigantesca importância desse evento mundial, em que, nós, o país do futebol, somos os protagonistas. O mundo todo está de olhos voltados para o Brasil, e os derrotistas que diziam que “não vai ter Copa” são inimigos da paz e da alegria. A Copa é um sucesso em organização. Para sermos ainda mais felizes, só nos resta ser Campeões do Mundo!

   Viva a Seleção brasileira. Viva o Brasil!

Comentários

Comente aqui este post!
Clique aqui!

 

Também recomendo

  •    “A compreensão do papel do ambiente na vida humana mostra que ele não apenas “cutuca ou sacode”, mas seleciona. Sua função é semelhante à da seleção natural, embora em uma escala temporal bem diferente... seu papel foi deixado de lado e é importante para uma análise consistente do comportamento.   (continua)


  •    Pistas não faltam: seja pelo jeito peculiar com que as famílias vão se transformando, seja pela rotina das cidades, a evolução dos gostos e preferências das sociedades, as apostas da ciência ou os caminhos abertos pela tecnologia, já é possível vislumbrar como será a vida de um cidadão daqui para a frente.   (continua)


  •    Nasce o ideal da nossa consciência da imperfeição da vida. Tantos, portanto, serão os ideais possíveis, quantos forem os modos por que é possível ter a vida por imperfeita. A cada modo de a ter por imperfeita corresponderá, por contraste e semelhança, um conceito de perfeição. É a esse conceito de perfeição que se dá o nome de ideal.   (continua)


  •    Elton Simões 
       Não tenho o menor senso de direção. Faço parte daquele grupo de pessoas para as quais o deslocamento de um lugar a outro é sempre um desafio. O Norte parece sempre mudar de lugar. Estar pedido é não somente habitual, mas também um fato inevitável da vida.   (continua)


  •    Era o elemento que faltava para completar o pacote ecologicamente correto do estereótipo do povo de Seattle. Além de fazer reciclagem, comprar produtos orgânicos produzidos localmente e trocar o carro pelo transporte público, o típico morador de Seattle também simplifica a vida praticando o “downsizing”.   (continua)


  •    Étienne de La Boétie morreu aos 33 anos de idade, em 1563. Deixou sonetos, traduções de Xenofonte e Plutarco e o Discurso Sobre a Servidão Voluntária, o primeiro e um dos mais vibrantes hinos à liberdade dentre os que já se escreveram.  Toda a sua obra ficou como legado ao filósofo Montaigne (1533 – 1592), seu amigo pessoal que... (continua)


  •    É duro aceitar que algumas pessoas são mais capazes e mais afortunadas do que outras. Há muito suspeitava que um dia as mulheres mais bonitas iam ser de alguma forma castigadas por nossa sociedade. Meu temor, em parte, se confirmou. Incluindo aí também um castigo para os homens mais bonitos. E por quê?   (continua)


  •    Hoje voltou o frio. Veio como havia muito não vinha. Gelou o ar, esfriou o sofá da sala, resgatou meias, casacos e dores do fundo de uma gaveta que emperra como não quisesse abrir. Chegou sabe-se lá de onde, do pacífico, dos polos congelados, do sul do país. Não importa. Aqui faz frio. Em seu sopro fresco e úmido, esse frio há de aquecer os ímpetos de alguém.   (continua)


Copyright 2011-2024
Todos os direitos reservados

Até o momento,  1 visitas.
Desenvolvimento: Criação de Sites em Brasília