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A idade e a mudança - Lya Luft

Enviado por Gilberto Godoy
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     Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo.
  
     Era um bate-papo com uma plateia composta de umas 250 mulheres  de todas as raças, credos e idades.

     E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
  
    Foi um momento inesquecível...  A plateia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
  
     Aí fiquei pensando: 'pô,  estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'

     Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'.

     Estão todos em busca da reversão do tempo.
  
    Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
  
     Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada.

     A fonte da juventude chama-se mudança'.
 
     De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
  
     Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. Mudança, o que vem a ser tal coisa?
  
     Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho. Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
  
    Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.
 
     Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu.
 
     Toda mudança cobra um alto preço emocional. Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
 
     Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
  
     Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
 
     Olhe-se no  espelho...

Comentários

  • por: Patricia Oliveira em terça-feira, 22 de novembro de 2011
    Gilberto, realmente uma mudança de hábito é, sem duvida, inicialmente dificil, mas nos leva a outras perspectivas e de fato podemos nos tornar mais leves e ver que na vida: "menos é mais". Adorei a mensagem, parabéns!

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