Aguarde por gentileza.
Isso pode levar alguns minutos...

 

Como fazer o melhor check-up - Michel Alecrim

Enviado por Gilberto Godoy
como-fazer-o-melhor-check-up---michel-alecrim

   Dois artistas populares no Brasil tiveram problemas graves de coração recentemente, apesar de serem adeptos de check-up regulares. O ator José Wilker faleceu por causa de um infarto no dia 5 de abril de 2014, aos 69 anos. Amigos próximos relataram que ele havia se submetido a exames recentemente. “Fiquei chocado, porque ele se cuidava, fazia check-up”, disse o diretor Denis Carvalho. E o humorista Renato Aragão, 79 anos, também conhecido por zelar pela saúde, sobreviveu a um infarto, ocorrido em 15 de março do mesmo ano.

   As histórias dos artistas chamaram a atenção para um fato considerado rotineiro por cardiologistas: na maioria das vezes, os check-ups cardíacos não incluem testes de imagem, os mais efetivos para detectar obstruções arteriais que levam ao infarto. Por isso, pessoas que acreditam estar com boa saúde porque apresentam índices normais dos principais fatores de risco acabam na emergência cardíaca dias ou semanas depois.

O infarto que levou Wilker à morte surpreendeu os amigos mais próximos. Foi isso que aconteceu com o empresário carioca Hirohito Clemente das Neves Júnior, 51 anos. Aos 42 anos, ele sofreu no hospital duas paradas cardíacas. Antes disso, sentia-se seguro, pois passava bem nos testes anuais que realizava. Chegava a internar-se por um dia em hospitais de excelente nível, no Rio de Janeiro. Foi salvo porque correu ao hospital quando começou a suar e sentir dormência no braço esquerdo. “Agora, a cada dois anos faço uma cintilografia do coração”, conta o empresário, referindo-se a um exame de imagem que não faz parte do pacote habitual de checagem.

   Esse tipo de ocorrência está levantando a discussão sobre a eficácia dos check-ups comuns. De fato, há alguns pontos nesse sistema que podem levar à falha na sua capacidade de predição dos riscos. Um deles é exatamente o fato de a maioria não incluir exames de imagem. Ocorre, porém, que a obstrução arterial por placas de gordura só é visível por meio dessa tecnologia. “Além disso, não são apenas as placas de gordura que causam infarto, mas também eventuais espasmos musculares do coração”, afirma o cardiologista Emílio Zilli, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia. “As pesquisas estão evoluindo também para se averiguar melhor o comportamento das partículas sanguíneas. Às vezes, uma partícula de gordura pode desencadear uma inflamação desastrosa”, explica.

   O cardiologista carioca Carlos Scherr, do Colégio Americano de Cardiologia, também enfatiza a necessidade de testes mais sofisticados. “As placas de gordura podem passar despercebidas num teste de esforço, se forem pequenas, mas não seriam ignoradas em um exame de cintilografia coronariana ou em uma angiotomografia”, afirma. “Mas são procedimentos mais caros e que submetem o paciente à radiação. E há relutância dos planos de saúde de autorizá-los por serem onerosos financeiramente”, diz. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo disse, em nota à ISTOÉ, reconhecer que “o médico é sempre o profissional indicado para fazer a avaliação” e que libera exames complementares “nos casos de alto risco.”

   O desafio é descobrir quem precisa de investigação mais apurada, o que a entrevista médica pode indicar. Médico do Instituto do Coração, de São Paulo, o cardiologista Sérgio Timerman diz ser adepto da “conversoterapia”. Com ele, o diagnóstico não sai antes de ser traçado um quadro com os hábitos do paciente e o histórico de enfermidades de sua família. “Em consultas de 15 minutos não se faz medicina”, diz. Segundo ele, estudos mostram que pacientes que morreram de infarto muitas vezes tiveram algum sintoma que negligenciaram, como falta de ar. De detalhe em detalhe, é calculado o risco do indivíduo e o teste laboratorial mais indicado. Até um cateterismo pode ser usado em último caso. “Muita gente já foi enterrada com bons resultados de check-up”, afirma Timerman.

   O cardiologista e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Denilson Albuquerque diz que o médico pode fazer uma planilha com os fatores de risco do paciente, mas que o próprio indivíduo também precisa se monitorar. Por exemplo: pesar-se regularmente já que aumentos abruptos podem significar retenção de líquido e consequentes risco de infarto.

   Para complementar o esforço por uma melhor prevenção, a credibilidade dos testes é fundamental. Porém, a própria Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial admite que dos 17 mil laboratórios públicos e privados do País, apenas seis mil adotam algum programa de qualidade. O diretor de Acreditação e Qualidade da entidade, Walter Shcolnik, diz que a maior parte dos erros está na coleta, no armazenamento e no transporte das amostras.

   Fonte: Isto É
 

Comentários

Comente aqui este post!
Clique aqui!

 

Também recomendo

  •    Você já se perguntou por que sua dieta não funciona? Um estudo realizado por pesquisadores israelenses indica que a maioria dos estudos nutricionais estão errados e que os alimentos têm um efeito muito diferente em cada pessoa. O trabalho, publicado na última semana na revista Cell, baseia-se no...   (continua)


  •    Estudo realizado em 30 países pelo European College of Neuropsychopharmacology revela que 38% da população européia sofrem de algum tipo de desordem mental como depressão, ansiedade, insônia e fazem abuso de substâncias (drogas lícitas e ilícitas, remédios...). A OMS prevê que em 2020...   (continua)


  • ​  Aos 68 anos, Herbert Fontenele recebeu o diagnóstico de câncer de próstata metastático. O tumor invadira a bexiga, a uretra e os ossos. Era 2009. Pelas estimativas médicas, Fontenele teria apenas um ano de vida. Mas ele não desistiu. Foram doze sessões de quimioterapia e outras 32 de radioterapia. E os efeitos...   (continua)


  •    Já pensou se o seu sintoma tivesse a chance de te enviar uma carta? Garanto que seria alguma coisa assim: ‘Olá, tenho muitos nomes: dor de estômago, tensão muscular, abscesso, asma, mucosidade, gripe, dor nas costas, ciática, enxaqueca, tosse, dor de...   (continua)


  •    O relatório da Associação Americana do Coração publicado nesta semana indica que o consumo de café pode ajudar a diminuir o risco de desenvolver uma insuficiência cardíaca ou de ter um acidente cerebrovascular. Este efeito foi demonstrado por um estudo...   (continua)


  •    Por que os médicos não utilizam, no seu próprio final da vida, os procedimentos dolorosos que receitam a seus pacientes? Escritores octogenários que entrevistei coincidiram em dizer que o duro na vida não é envelhecer, mas enterrar os amigos, aguentar a saudade deles que fica. Você começa a...   (continua)


  •    O psicólogo e doutor em biologia Paul Rozin, professor na Universidade da Pensilvânia (EUA), dedicou 25 anos de sua carreira a estudar por que escolhemos determinados alimentos e por que comemos de certa maneira. Rozin é um pioneiro em nutrição comportamental, especialidade que cresce cada dia mais...   (continua)


  •    O negócio dos suplementos alimentícios equivale a ganhos superiores a 5 bilhões de dólares ao ano, mas sua regulamentação passa acima das leis que regem à indústria farmacêutica. Uma nova pesquisa publicada no New York Times, no entanto, revelou que as substâncias vendidas com...   (continua)


Copyright 2011-2025
Todos os direitos reservados

Até o momento,  114184910 visitas.
Desenvolvimento: Criação de Sites em Brasília