Aguarde por gentileza.
Isso pode levar alguns minutos...

 

Zygmunt Bauman, o sociólogo da "modernidade líquida"

Enviado por Gilberto Godoy
zygmunt-bauman--o-sociologo-da--modernidade-liquida-

   O pensador foi responsável por cunhar o conceito de “modernidade líquida”, usada para definir as condições da "pós-modernidade"  — que ele considerava um termo ideológico — e discutir as transformações do mundo moderno nos últimos tempos. Ele explorou os efeitos do individualismo e da sociedade de consumo nas relações humanas modernas.

   Bauman escolheu o “líquido” como metáfora para ilustrar o estado dessas mudanças: facilmente adaptáveis, fáceis de serem moldadas e capazes de manter suas propriedades originais. As formas de vida moderna, segundo ele, se assemelham pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma identidade por muito tempo, o que reforça esse estado temporário das relações sociais. 

   Além da modernidade no geral, suas mais de 50 obras e diversos artigos se dedicam a temas como o consumismo, a globalização e as transformações nas relações humanas. Em um de seus best-sellers, Amor Líquido, de 2003, ele discute como os relacionamentos de hoje em dia tendem a ser menos frequentes de duradouros.  

   Nascido em Poznan, no oeste polonês, em 1925, Bauman serviu na Segunda Guerra Mundial, e, em seguida, fez parte do Partido Comunista Polaco. Anos mais tarde, formou-se em sociologia. Como professor na Universidade de Varsóvia, teve algumas de suas publicações censuradas e acabou afastado em 1968.

   Após sofrer perseguições antissemitas na Polônia, partiu para a Inglaterra e trabalhou, onde trabalhou como professor titular da Universidade de Leeds. De todas as suas contribuições, a obra Modernidade e Holocausto talvez tenha sido a mais emblemática e lhe rendeu, em 1989, o Prêmio Europeu Amalfi de Sociologia e Ciências Sociais.

   3 reflexões para entender o pensamento de Zygmunt Bauman

   A SOCIEDADE PÓS-MODERNA SOFRE MUDANÇAS EM RITMO INTENSO

   Para definir as condições da pós-modernidade e discutir as transformações do mundo moderno nos últimos tempos, o sociólogo sempre preferiu usar o termo “modernidade líquida”, por considerar “pós-modernidade” um conceito ideológico.

   Bauman escolhe o “líquido” como metáfora para ilustrar o estado dessas mudanças: facilmente adaptáveis, fáceis de serem moldadas e capazes de manter suas propriedades originais. As formas de vida moderna, segundo ele, se assemelham pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma identidade por muito tempo, o que reforça esse estado temporário das relações sociais.

   Há 100 anos, ser moderno significava buscar um ponto de perfeição e hoje representa o progresso constante, sem um resultado final único prestes a ser conquistado.


   A ESTRUTURA FAMILIAR MUDOU DRASTICAMENTE 

   Em entrevista ao canal Quem Somos Nós?, o professor Luís Mauro Sá Martino explica as transformações do conceito de “família” segundo Bauman: “A partir do século 19 ou 20, o afeto e amor surgem como elementos fundadores da família, mas nem sempre foi assim e não é por acaso que nosso imaginário sempre gostou de idealizar as histórias de amor”, observa.

   “No passado, as pessoas casavam com quem os pais mandavam, mas os laços de uma família ainda eram algo sagrado. Hoje, por outro lado, constituímos várias “famílias”, assumindo as diferenças disso em relação ao mundo pré-moderno, com a independência e também as dificuldades que essa pluralidade de relacionamentos pode trazer.”


   AS CONEXÕES NO MUNDO MODERNO FORAM INDIVIDUALIZADAS

   Bauman observa que o século 20 sofreu uma passagem da sociedade de produção para a sociedade de consumo. Com isso, também passamos pelo processo de fragmentação da vida humana e deixamos de pensar em termos de comunidade — a qual nação, grupos ou movimento político pertencemos. A identidade pessoal, após essa transformação, restringiu o significado e propósito da vida e da felicidade a tudo aquilo que acontece com cada pessoa individualmente.

   “A ideia de progresso foi transferida da ideia de melhoria partilhada para a de sobrevivência do indivíduo”, resumiu o sociólogo em entrevista para a Revista Cult. “O progresso é pensado não mais a partir do contexto de um desejo de corrida para a frente, mas em conexão com o esforço desesperado para se manter na corrida.”

    Fonte: Revista Galileu/Globo.com

Comentários

Comente aqui este post!
Clique aqui!

 

Também recomendo

  •    "Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado... E disse à minha alma:  - Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos? E minha alma disse:  - Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho..."   (Continua)


  •    Manuel da Costa Pinto - Folha de S.Paulo/Ilustrada
       Se fosse para definir numa frase o legado de Ferreira Gullar para a literatura brasileira, uma formulação possível seria: o autor de "Poema Sujo" reabilitou na poesia contemporânea a meditação sobre temas como a angústia da morte e o maravilhamento diante do simples acontecer da vida, sem deixar...   (continua)


  • "Uso a palavra para compor meus silêncios.
    Não gosto das palavras
    fatigadas de informar.
    Dou mais respeito
    às que vivem de barriga no chão...
    (continua)


  •    Foi em uma madrugada chuvosa no Rio de Janeiro que veio ao mundo Marcus Vinitius da Cruz e Mello de Moraes, ou, simplesmente, Vinicius de Moraes, que, se estivesse vivo, completaria 100 anos em 19 de 2013. Parafraseando um de seus versos mais famosos, o escritor, se não chegou...   (continua)


  • "Harold Bloom era um mestre que fez da literatura a religião dos desencantados". Harold Bloom — morto em 14/10/19, aos 89 anos — será sempre lembrado como autor da controvertida teoria literária elaborada em seu livro mais popular, A Angústia da Influência (1973). É provável que outros citem ainda O Cânone Ocidental (1994), em que ele analisa a obra de 26 grandes autores, de Shakespeare a Samuel Beckett.   (continua)


  •    João Guimarães Rosa (Cordisburgo, 27 de junho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967), foi um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos. Foi também médico e diplomata. Os contos e romances escritos por Guimarães Rosa ambientam-se quase...   (continua)


  •      Nelson Falcão Rodrigues (Recife, 23 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980) foi um importante dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro. Nascido em Recife, Pernambuco, no ano de 1912. Mudou-se em 1916 para a cidade do Rio de Janeiro.   (continua)


  •    Arthur Robert Ashe, Jr. (Richmond, Virgínia, 10 de julho de 1943 — 6 de fevereiro de 1993) foi um tenista norte-americano. Também é lembrado por seus esforços em causas sociais que apoiava. Quando jovem, Ashe era pequeno e mal coordenado. Mas quando entrou para o...   (continua)


Copyright 2011-2024
Todos os direitos reservados

Até o momento,  1 visitas.
Desenvolvimento: Criação de Sites em Brasília