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Diários de amor perdido XIII - João José de Melo Franco

Enviado por Gilberto Godoy
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"Ele esperou…
Tanto, tanto, tanto…
E esperou de tal modo,
como se fora sua sina e o mais íntimo fado,
que não mais lembrava quantas vezes virara a ampulheta.

E a virara tanto, tanto, tanto…
que apagou a hora e afastou o pranto,
até se transformar no girar dessa ampulheta e, depois,
na areia que caía e recaía e, finalmente,
no deserto de onde trouxeram a areia.

Assim, homem-deserto,
na mais negra de suas noites,
fitou perplexo a abóbada repleta de astros,
onde divisou as constelações copulando há bilhões de
anos,
muito antes da espécie humana florescer sobre a terra,
então imarcescida…

Assim, homem-deserto,
entendeu, pela primeira vez, que a vida é portal e passagem
e, por isso, já passado…
Que do passado a saudade nos aferra e aprisiona
e o tempo é seu cárcere.

Todos os homens do mundo já foram esse homem."


     João José de Melo Franco nasceu em Barretos, São Paulo, em 1956, e hoje, reside no Rio de Janeiro. É poeta, tradutor, publicitário, cineasta e editor, e estreou, em 1979, com o livro Primeira Poesia. Depois publicou Esse Louco Desejo (1980) e Amor Perfeito (1984). Em 2006, depois de 20 anos afastado do mercado editorial, publicou O Mar de Ulisses, pela Ibis Libris Editora. Em 2010, publicou Pequeno Dicionário Poético.

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