Aguarde por gentileza.
Isso pode levar alguns minutos...

 

A distração mora ao lado

Enviado por Gilberto Godoy
a-distracao-mora-ao-lado

 

     Você tem dificuldades para manter o foco numa tarefa quando está navegando na internet? Distrai-se com facilidade pulando de site em site? Senta-se diante do computador para resolver algo na internet que demoraria no máximo dez minutos e acaba ficando duas ou três horas on-line porque não consegue trabalhar de forma linear na web? Não se assuste: tem um monte de gente assim pelo mundo, de todas as idades, perfis e níveis sociais.

     — Aconteceu outro dia comigo. Liguei o computador às 9h para enviar e-mail para um serralheiro, mas comecei a divergir desse rumo, só me lembrando da minha tarefa inicial lá pelas 15h — conta o fotógrafo Pedro Mac, de 50 anos. — Naquele dia tinha dois browsers abertos, 15 abas em um e duas abas no outro. Acompanhava o noticiário da grande imprensa, vibrava com os protestos iniciados com o movimento Ocupem Wall Street nos sites de informação alternativa, navegava em sites de venda de veículos e mantinha um olho no programa de e-mail, verificando as mensagens postadas nas listas de discussão que assino. Esporadicamente, postava em algumas delas.

     Este é o perfil típico do "desfocado digital", dono de um comportamento que pode ser bastante prejudicial. Em casos assim, trabalhar por conta própria às vezes pode ser ainda mais arriscado.

     — Como sou profissional liberal e não tenho que prestar contas a ninguém, acabo sendo muitíssimo menos produtivo na prospecção de clientes, atualização de portfólio e outras coisas que eu não curto fazer — admite Pedro Mac. — Se eu fosse mais focado e disciplinado com as coisas de trabalho, teria um rendimento profissional muitíssimo melhor nesses aspectos, sem dúvida alguma.

     A conta de telefone dele foi paga um mês depois. Ele se distrai com qualquer coisa que lhe apareça pela frente e que seja mais prazerosa do que a atividade que desempenhada num dado momento. Mas a reação costuma ser de frustração:

     — Volta e meia, fico meio fulo da vida pelo dia ter passado e eu não ter feito nada daquilo a que tinha me proposto a fazer no computador.

     Em muitos casos, os problemas com distração digital atormentam o usuário há anos. É o caso do arquiteto de soluções em TI Diego Magalhães, de 26 anos.

— Essa coisa da distração diante do computador acontece comigo desde minha adolescência, sempre passando muitas noites acordado em jogos, chat e navegação na internet. Já tive vários problemas de relacionamento por não controlar o tempo perdido no computador.

     O comportamento fora de foco nunca afetou, no entanto, a vida profissional de Magalhães, que, por trabalhar em TI e ter que passar um bom tempo na internet pesquisando e ajudando os outros, nunca gerou problemas ou atrasos. Mas ele já passou por alguns apertos.

     — Lembro-me de sentar à máquina para pagar a conta do telefone on-line, navegar durante umas três ou quatro horas a esmo e lembrar só no mês seguinte que a conta não havia sido paga.

     É comum usuários relatando empilhamento de tarefas em vários níveis, o que dificulta o "desempilhamento", quando decidem prosseguir na incumbência original.

     — Cada vez com mais frequência me dou conta que às vezes estou no quarto ou quinto nível de assuntos encadeados, retratados pela quantidade de abas abertas no navegador e pelos assuntos inacabados — diz Paulo Lima, de 49 anos, analista de sistema SAP, vítima da máxima "tudo pode piorar". — Mas isso não era nada até que comprei um iPhone. Meu foco foi para o brejo de vez.

     Lima conta que o que mais lhe distrai é fazer downloads de qualquer coisa que seja nova: filmes, músicas, aplicativos, jogos.

     — E pior é que normalmente nem utilizo esses materiais que baixo da rede, apenas tenho o prazer de obtê-los antes dos amigos. E nunca me senti culpado por isso. Aliás, sinto até muito prazer com essa variedade toda. Sinto-me preenchido, digamos. E nem quero escapar disso que às vezes chamam de distúrbio comportamental. Eu adoro esse hábito. Para mim, não é um problema.

     Para alguns, ouvir música alta é um modo de obter alguma linearidade em suas atividades. É o caso do analista de sistemas Marcos Mathias, de 32 anos.

     — Trabalho com desenvolvimento de software e, em meu emprego anterior, recebi diversas chamadas e advertências formais devido à perda do foco. Hoje estou aprendendo a lidar com a situação. Quando um assunto ou tarefa exige muita atenção, coloco uma música, desligo MSN, fecho janela do Facebook, do Twitter e foco na tarefa. Mas sem a música eu acabo sempre me desconcentrando e voltando a perder o foco da atividade. Tarefas que normalmente levariam minutos acabam levando horas.

     Ele reclama que, apesar de Facebook e Twitter serem ferramentas muito úteis, seu modo de funcionamento em tempo real, avisando sobre o que está acontecendo e o que foi atualizado, vira um motivo de distração.

Para Mathias, seu problema é de família. Ele acredita que sofre do chamado DDA (distúrbio de déficit de atenção), mas nunca foi examinado.

     — Meu filho mais velho já foi diagnosticado e recebe tratamento para se focar nas atividades da escola. Os médicos disseram que pode ser genético e que, por ser um distúrbio mais bem conhecido hoje do que antigamente, poucos adultos são diagnosticados como portadores. E os que são não precisam muito de tratamento, pois aprendem a conviver com o distúrbio. Acredito que seja meu caso.

     Sua dificuldade de concentração vai além do computador: nunca foi capaz de ler um livro não-técnico, apesar de várias vezes ter tentado. Diante desse quadro, já pensa em procurar ajuda médica. Mas não usará o computador para isso...

     Fonte: O Globo

Comentários

Comente aqui este post!
Clique aqui!

 

Também recomendo

  •    Estamos perdendo nossa intimidade a passos largos. E não de uma forma clandestina, senão que nós mesmos estamos dispostos a perder porque, em troca, recebemos maior visibilidade, interagimos com mais pessoas, nos beneficiamos com mais vantagens. Por exemplo, à hora de...   (continua)


  •    Um dos acontecimentos mais relevantes da Internet na atualidade é o crescimento exponencial do número de blogs. Inicialmente avaliado como um fenômeno passageiro e restrito a uma minoria de utilizadores, rapidamente se verificou o contrário e os blogs começaram a proliferar a um ritmo vertiginoso.   (continua)


  • Este site contém quase todos os jornais do mundo, atualizados. Muito útil e interessante.

    http://www.newseum.org/todaysfrontpages/flash/


  •     Você olha para seu celular e vê dezenas ou centenas de mensagens não lidas no WhatsApp... Certamente você está em mais grupos do que deveria ou gostaria. Não entre em pânico! Você não está só. Tem sido comum no atual momento...   (continua)


  •    A Google publicou uma trabalho de pesquisa a respeito da inteligência artificial no qual um avançado bot de chat aprendia com um conjunto predeterminado de conversas, para poder oferecer respostas "mais inteligentes". Um aspecto interessante deste bot, é... (continua)


  •    Nesta era tecnológica, as redes sociais se tornaram uma forma fundamental de interagir com nossos amigos e com o mundo, até se converter em um dos rituais cotidianos para alguns. No entanto, o que normalmente começa como um inofensivo hábito virtual...   (continua)


  •    Uma pesquisa do Ibope revelou que, de maneira inédita, a maioria dos brasileiros recebeu informações sobre política via Facebook, Twitter ou WhatsApp. Em um ano, triplicou a parcela da população que escolhe seus comportamentos a partir das informações compartilhadas nesses serviços, registrou o Estadão.   (continua)


  •      A teoria dos seis graus de separação originou-se a partir de um estudo científico, que criou a teoria de que, no mundo, são necessárias no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas. No estudo, feito nos Estados Unidos, buscou-se, através do envio de cartas, identificar o números de laços de conhecimento pessoal existente entre duas pessoas quaisquer.   (continua)


Copyright 2011-2025
Todos os direitos reservados

Até o momento,  114015882 visitas.
Desenvolvimento: Criação de Sites em Brasília